domingo, 28 de fevereiro de 2010

Franz Ferdinand mostrará nova fase da banda no Brasil e já adianta novo álbum a caminho.

“Você não pode mais tocar aquela batida, faça outra coisa!”, ironizou Alex Kapranos, líder do quarteto escocês Franz Ferdinand, ao baterista Paul Thomson, após uma reunião, em 2007, que definiu o futuro da banda. A batida em questão, da música Take me out, marcou a trajetória do grupo e influenciou uma geração de roqueiros na última década. Para não cair na mesmice, eles decidiram transformar o próprio som. O resultado foi registrado em Tonight: Franz Ferdinand — CD lançado em 2009 que originou a turnê homônima que chega ao Brasil em março.

A banda começou tirando parte dos marcantes solos de guitarra e transferindo para bases de baixo e sintetizadores. Mas foi com experimentações acústicas que, de acordo com o guitarrista e vocalista Nick McCarthy, o álbum ganhou charme. “Decidimos ficar um tempo em Glasgow (Escócia), nossa cidade natal, para nos concentrarmos no projeto.

Alugamos um prédio da antiga prefeitura, que estava vazio, era barato e podíamos usar o tempo que fosse preciso, e transformamos em um estúdio. Era fantástico. Podíamos gravar em diversos lugares diferentes, cada espaço provocava um som”, detalhou.

O auditório foi adaptado para o estúdio, enquanto outras salas eram improvisadas para experimentações. Algumas peculiaridades e esquisitices se tornaram marcas que permeiam o CD. O eco gerado pelas paredes de tijolos do porão, por exemplo, possibilitou o peso punk em What she came for; enquanto o som de choque entre ossos humanos, comprados por McCarthy em um leilão, substituíram a percussão no refrão de No you girls. Para completar diversas faixas, um microfone pendurado no teto, em movimento pendular, registrou a reverberação dos solos de guitarra que saíam das caixas de som.

Naquele “quartel-general secreto”, eles tiveram o auxílio do experiente produtor Dan Carey, conhecido pelas parcerias em músicas de Kilye Minogue, Hot Chip e Sia Furler. Mas no palco, as coisas prometem ser menos experimentais e mais rock’n’ roll. “Ali é guitarra, bateria, baixo, teclado e, pra modernizar, um pouco dos sintetizadores. Não vamos repetir o novo CD, nosso objetivo é fazer as pessoas se divertirem. Claro que nos apoiamos também em bom trabalho técnico, com sons e luzes, mas confiamos mesmo é no nosso diálogo com o público”, garante McCarthy.

Entre lembranças saudosas de Glasgow, onde compartilharam um efervescente cenário musical com Belle & Sebastian, Travis e The Frattellis, e histórias de turnês, McCarthy adiantou que já existem músicas para um próximo álbum. “Escrevemos algumas coisas, mas agora não é hora de pensar nisso”, ponderou. “Queremos mesmo é mostrar esse trabalho que nos deixou muito satisfeitos.”

Continua…